quarta-feira, 24 de abril de 2013

Plantio de Cana de Açúcar


Para a implantação de um canavial, deve-se fazer inicialmente, o planejamento da área, realizando um levantamento topográfico. Nos locais de plantio é feito um trabalho de engenharia, conhecido como sistematização do terreno, no qual se subdivide a área em talhões e alocam-se os carreadores principais e secundários.
Atualmente, busca-se obter talhões planos mantendo linhas de cana com grande comprimento pra evitar manobras das máquinas, otimizando operações mecanizadas. Em geral, os talhões de cana são subdivididos quanto à topografia e homogeneidade do solo e apresentam, em média, entre dez e vinte hectares.
Os princípios de conservação do solo e a execução de terraços devem orientar todo o planejamento da sistematização do terreno. Antes do plantio, é necessário, também, planejar o plantio das mudas ou buscar no mercado um fornecedor idôneo. O plantio de cana pode ser efetuado manualmente ou mecanicamente.
O plantio compreende, basicamente, quatro etapas principais:
  • Corte de mudas;
  • Distribuição no sulco;
  • Corte dos colmos em pedaços menores, dentro do sulco;
  • Cobertura.
Porém, antes de realizar a distribuição das mudas nos talhões, muitas variáveis devem ser levadas em consideração, como:

Amostragem do solo para fins de fertilidade - Assim que terminar a sistematização do terreno, o produtor deve coletar amostra de solo em cada talhão para análise com visitas às operações de correção do solo e adubação.

Controle fitossanitário em viveiro - É importante buscar nos viveiros mudas que tragam tranquilidade para o responsável pela parte de plantio, caso contrário, pode a usina não conseguir obter mudas para a produção de álcool plantio, como por exemplo, o ROUGUING que consiste na eliminação de pragas e doenças de todas as mudas de cana de açúcar. O tratamento é feito inserindo toletes com 3 gemas cada em água a 50°C, durante duas horas.

Escolha da cultivar e formação de mudas sadias - É muito importante que, antes do plantio, o produtor escolha a cultivar que se adapta às características do local onde sua propriedade está estabelecida, com o objetivo de melhorar o aproveitamento dos recursos naturais e, consequentemente, aumentar a produtividade. Após a escolha da cultivar é importante, ainda, que o produtor verifique a procedência das mudas escolhidas, se são sadias e se realmente são da variedade escolhida.

Épocas de plantio - A escolha adequada da época de plantio é fundamental para o bom desenvolvimento da cultura da cana de açúcar, que necessita de condições climáticas ideais para se desenvolver e acumular açúcar. Para seu crescimento, a cana necessita de alta disponibilidade de água, temperaturas elevadas e alto índice de radiação solar. A cultura pode ser plantada em três épocas diferentes: sistema de ano e meio, sistema de ano e plantio de inverno.

Sistema de ano e meio (cana de 18 meses) - A cana de açúcar é plantada entre os meses de janeiro e março. Nos primeiros três meses, a planta inicia seu desenvolvimento e, com a chegada da seca e do inverno, o crescimento passa a ser muito lento durante cinco meses (abril a agosto), vegetando nos sete meses subsequentes (setembro a abril), para, então, amadurecer nos meses seguintes, até completar 16 a 18 meses. Este período (janeiro a março) é considerado ideal para o plantio da cana de açúcar, pois apresenta boas condições de temperatura e umidade, garantindo o desenvolvimento das gemas. Essa condição possibilita a brotação rápida, reduzindo a incidência de doenças nos toletes.

Sistema de ano (cana de 12 meses) - Em algumas regiões, a cana de açúcar pode ser plantada no período de outubro a novembro. Esse sistema de plantio precisa ser utilizado de forma restrita, pois apresenta as seguintes vantagens e desvantagens:

  • Vantagens - Quando se tem grandes áreas para plantio, uma segunda época de plantio facilita o gerenciamento e otimiza a utilização de máquinas e de mão de obra, que ficam subdivididas entre o período de plantio de cana de ano e meio e cana de ano.
  • Desvantagens - Menor produtividade que cana de 18 meses, uma vez que a cana de ano tem apenas sete ou oito meses de crescimento efetivo (um verão).
  • O preparo do solo pode ser dificultado, uma vez que há pouco tempo para o preparo, e se a área de plantio for muito grande, é necessária elevada quantidade de mão de obra nesse período.
Plantio de inverno - Com o uso da torta de filtro que contém cerca de 70 a 80% de umidade, aplicada no sulco de plantio, é possível plantar a cana de açúcar mesmo no período de estiagem. A torta fornece a umidade necessária para a brotação. Se ainda for feita uma fertirrigação com vinhaça, ou mesmo irrigação, o plantio de cana pode ocorrer praticamente o ano todo.

Espaçamento e profundidade - Escolher um espaçamento adequado é de fundamental importância, já que possibilita a otimização de atividades como o uso intensivo de máquinas e colheita.

- O espaçamento entre sulcos pode variar de um metro a 1,8 metros, com as seguintes recomendações:
- Se a colheita for mecanizada, o espaçamento de ser de ao menos 1,5 metros para evitar o pisoteamento e a compactação das linhas de cana pelas rodas das máquinas. A profundidade do sulco deve variar entre 20 a 30 cm, se for colheita manual. o espaçamento pode ser realizado com 1,0 metro entre as linhas de plantio.

Quantidade de mudas necessárias - A quantidade de mudas varia entre dez a quinze toneladas por hectare. Quando a época de plantio é adequada e a qualidade da muda está excelente, pode-se optar por menores quantidades de mudas. As mudas são canas jovens, com oito a dez meses, plantadas em condições ótimas, bem fertilizadas, com controle de pragas e doenças. É necessária a distribuição de ao menos doze gemas por metro de sulco. Para o plantio em épocas de estiagem, é necessário dar preferência para densidade de quinze a dezoito gemas por metro. Sendo assim, a usina orientada por um técnico ou engenheiro agrônomo, poderá então iniciar esse trabalho de plantio de cana de açúcar.



sábado, 7 de abril de 2012

62,5% de cana de São Paulo, já é colhida com máquinas

Colhedeira de Cana

Avança no setor sucroalcooleiro de São Paulo o uso de máquinas na colheita da cana-de-açúcar com a consequente redução da emissão de gases poluentes e de efeito estufa. De acordo com levantamento da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, do total colhido na safra 2011/2012, 62,5% foi por meio do uso de máquinas e 34,8% pelo processo tradicional, que implica queima e corte manual.


O resultado consta do relatório do Protocolo Agroambiental assinado entre o setor e a secretaria em 2007. Por ele, entre os vários compromissos assumidos por 173 unidades agroindustriais e 29 associações de fornecedores de cana, está o de colher com máquinas 100% da cana plantada em áreas planas até 2014 e, nas áreas acidentadas, até 2017.


Na safra de 2011/2012 a área de cana plantada foi de 5,4 milhões de hectares ante 4,98 milhões na safra 2010/2011. A área colhida foi de 4,79 milhões de hectares com pequena variação em relação aos 4,72 milhões da safra anterior.


No processo tradicional, que implica queima e posterior corte manual da cana, o relatório aponta a colheita de 1,67 milhão de hectares colhidos ante 2,10 milhões da safra anterior.


O secretário do Meio Ambiente, Bruno Covas, ressalta a importância da cana no Estado, uma vez que a cultura ocupa 25% da área agriculturável. Ele explica que um dos problemas para o aumento da mecanização da colheita está nos pequenos produtores. "Uma máquina custa R$ 1 milhão. É muito dinheiro para o pequeno investir, mas agora a Secretaria da Agricultura chegou a um modelo e teremos uma linha de crédito para esse produtor rural."


De acordo com a secretaria, desde a assinatura do Protocolo Agroambiental, o setor deixou de emitir 2,7 milhões de toneladas de CO2. Um ganho ambiental equivalente à retirada de circulação de 47.128 ônibus por um ano .


Segundo Covas, das 173 usinas que fazem parte do acordo, 158 foram certificadas pela secretaria e, das 29 associações de fornecedores de cana, 27 receberam o aval do Estado. Eles representam cerca de 90% da produção paulista e 50% da produção nacional de etanol.


No que se refere à recuperação da mata ciliar nas propriedades agrícolas, o setor deixou a desejar: apenas 16 mil hectares de um total de 269.977 foram recuperados desde o início do protocolo em 2007.


Quanto à redução do consumo de água, outro item previsto no protocolo, 41% das usinas consomem abaixo de 1 metro cúbico por tonelada de cana processada. A meta do protocolo é a de que o setor chegue a 2014 consumindo no máximo 1 m3 por tonelada de cana.


Por causa das dificuldades enfrentadas pelo setor, a palha da cana, que pode ser usada para geração de energia, está sendo deixada no campo. Os técnicos calculam que, se metade dos 39 milhões de toneladas de palha fosse usada para cogeração, seria possível obter 1.124 MW, 25% do potencial de geração de Belo Monte, que é calculado em 4.572 MW. "Com o uso de metade da palha para geração de energia, o Estado passaria a ter 60% da sua matriz energética proveniente de fonte renovável ante 56% hoje", explica Covas.
De acordo com o secretário, ao contrário do que se supunha, a mecanização não provocou desemprego. Hoje, são gerados 20 empregos por máquina, que colhe de 100 mil a 120 mil toneladas na safra. No processo tradicional um homem colhe uma tonelada por dia e, durante a safra, 1.900 toneladas.


O levantamento da secretaria indica que na safra 2006/2007 a colheita no modelo tradicional empregava 88.833 cortadores manuais e 15.060 trabalhadores qualificados para trabalhar na colheita mecanizada. Hoje são 61.871 manuais e 56.829 qualificados. Aumento de 14% nos postos de trabalho.

Tratamento do Caldo de Cana de Açúcar


O processo de fermentação ou destilação do caldo exige cuidados mínimos que garantam a qualidade do processo e evitem problemas na centrifugação do vinho ou na destilação.
O tratamento do caldo tem os seguintes objetivos:
  • eliminação de impurezas grosseiras (bagacilho, areia), que aumentam o desgaste dos equipamentos e as incrustações, além de diminuírem a capacidade de produção e dificultarem a recuperação do fermento;

  • máxima eliminação de partículas coloidais, responsáveis pela maior formação de espuma e também por dificultarem a recuperação do fermento;

  • preservação de nutrientes, vitaminas, açúcares, fosfatos, sais minerais e aminoácidos livres, necessários ao metabolismo das leveduras;

  • minimização de contaminantes microbianos, os quais competem com as leveduras pelo substrato e podem produzir metabólitos tóxicos a estas, diminuindo a eficiência e a viabilidade do fermento.
    É importante ressaltar que o rendimento de uma destilaria depende de uma série de fatores, como: qualidade da cana; eficiência de lavagem; preparo para moagem; assepsia da moenda e condução do processo fermentativo.

    Condução do tratamento

    O tratamento do caldo para produção de álcool envolve: peneiramento, calagem, aquecimento, decantação, concentração e resfriamento. Considera-se que a lavagem da cana é responsável pela remoção de grande parte das impurezas grosseiras, sendo que essa eficiência depende não só do volume de água, mas também da qualidade da aplicação, do tipo de mesa instalada e das condições de solo e clima durante o carregamento.


    Peneiramento

    Visa a redução das partículas leves (bagacilho) e pesadas (areia, terra etc). Os equipamentos utilizados são peneiras e hidrociclones, os quais conseguem eficiência de 70 a 85%, dependendo do teor de sólidos na alimentação, condições de operação, abertura de telas etc. As principais vantagens de sua utilização são, sobretudo, a redução de entupimento e de desgastes em outros equipamentos, válvulas e bombas.
    Caleação
    O tratamento de caldo com leite de cal não somente provoca a floculação e favorece a decantação das impurezas, mas também protege os equipamentos contra a corrosão. Em relação ao pH a ser alcançado,  quanto mais se aproxima de sete, maior é a remoção de nutrientes do caldo e o excesso de cal pode afetar o crescimento da levedura em cultura. O pH do caldo decantado é ideal quando atinge a faixa entre 5,6 e 5,8, pois não provoca remoção significativa de nutrientes e diminui a ação corrosiva do caldo sobre os equipamentos, além de favorecer a redução do número de microrganismos contaminantes.
    A calagem é conduzida continuamente pela mistura do leite de cal com o caldo no tanque de calagem, sendo a dosagem automaticamente controlada pelo monitoramento do pH do caldo calado.


    Aquecimento

    O aquecimento consiste em elevar a temperatura do caldo entre 103 e 105º C (Celsius). O aquecimento em si pouco reduz a contaminação microbiana devido ao baixo tempo de residência à elevada temperatura. Para aquecer o caldo, utiliza-se normalmente aquecedores verticais, horizontais, tubulares. Após o aquecimento o caldo é levado para a próxima etapa, a decantação.




    Decantação

    Visando a separação (por meio da gravidade) de impurezas com mínima remoção de nutrientes, a decantação (Figura 1) é conduzida em menor intensidade na clarificação do caldo para destilaria do que para produção de açúcar. Esta menor intensidade é dada pelo menor tempo de retenção do caldo no decantador, que gira em torno de três ou três horas e meia contra quatro a cinco horas para a fabricação de açúcar.


      
    Fig. 1. Decantação do caldo da cana-de-açúcar.
    Concentração do caldo

    A concentração do caldo para produção e armazenamento de xarope é uma das operações de tratamento que serve como estratégia tanto para a elevação do teor de açúcar total do mosto, com conseqüente aumento do teor alcoólico, quanto para se garantir a continuidade do processo fermentativo em paradas de moagem. No caso de armazenamento de xarope, sua concentração deve ser a mais elevada possível sem, contudo, atingir um limite próximo ao crítico da cristalização.
    A concentração ideal para armazenamento gira em torno de 60 graus brix (valor do teor de sólidos solúveis contidos no caldo), embora usualmente se produza com concentração entre 50 a 55 brix. A temperatura do caldo que alimenta a dorna é um fator importante no rendimento da fermentação. O sistema de resfriamento de dorna é projetado para manter a temperatura de fermentação e não para resfriar o caldo. Portanto, o caldo proveniente do tratamento deve ser resfriado a temperaturas convenientes por um equipamento adicional antes de ser direcionado à alimentação das dornas.


    domingo, 3 de julho de 2011

    Moendas



     As primeiras moendas tinham todos os rolos montados em eixos fixos, com sua posição de um em relação ao outro obtida por meio de calços e cunhas, sendo sua posição determinada no começo da safra e alterada mediante paradas do processo para outra em caso de necessidade.





    A camada de bagaço determinava a pressão que aumentava quando se introduzia mais cana e reduzia na situação oposta.
    A extração era extremamente afetada por essa limitação e grande inconveniente ocorria com a passagem de materiais estranhos metálicos que chegavam a ofender os castelos.
    Entretanto para aproveitar os benefícios da pressão constante é necessário que pelo menos um rolo oscile. Normalmente este é o rolo superior.
    Para aplicar a carga de compressão necessária, mola ou pesos operando através de alavancas são utilizados em moendas muito pequenas, mas o carregamento hidráulico é agora quase universal.

    A moenda, como processo de extração de caldo, é o sistema mais utilizado, estando presente em pelo menos 98% das usinas e destilarias do Brasil, que, aliás, são as mais competitivas do mundo. Este nível de competividade das indústrias sucroalcooleiras brasileiras foi obtido como conseqüências de vários fatores, destacando-se:

    A melhoria da qualificação técnica das pessoas, das usinas e destilarias, o software e a evolução tecnológica dos equipamentos – o hardware, com destaques para as moendas. A evolução experimentada pelas moendas nos últimos 30 anos transformou substancialmente a capacidade de moer das indústrias e, praticamente, eliminou a desvantagem de extração que tinha em relação aos difusores de cana.

    Essa evolução das moendas de cana tornou-se ainda mais expressiva a partir de 1995, com a entrada no mercado das moendas Simisa/Empral que, além de incorporarem as evoluções realizadas até 1995, incrementaram novas tecnologias e inovaram com um projeto de monda, com premissa de reduzir os custos de manutenção, eliminando outra desvantagem hipoteticamente existente com relação aos difusores. Em termos práticos e com base em dados reais, podemos mostrar como as moendas evoluíram em capacidade de produção, sem investimentos relevantes, para diferentes bitola de moenda.
     Neste período a extração elevou-se de 93% para até 97%, enquanto os difusores mantêm a extração de até 97,5% no Brasil, com base em pesquisa recente, onde se verificou extrações na faixa de 96,7 a 97,5%. Os números falam por si, porém, para uma melhor análise, podem-se extrair adicionais interessantes e algumas merecem destaque, a saber:

    - Atualmente um tandem de moendas de 66” equivale a um difusor de 10000 TCD; - Esse mesmo tandem de moenda, utilizando uma moenda 78” como 1º terno, permitiria moer 11000 TCD; - Um tandem de moenda de 78”, normalmente utilizado para comparar com um difusor de cana de 10000 TCD, mói 14000 TCD; - Esse mesmo tandem, utilizando uma moenda 84” como 1º terno, tem sua capacidade elevada para 16000 TCD.- A flexibilidade da moenda, para aumentar sua capacidade de produção, permite ajustar investimentos industriais com a evolução da área agrícola; - E o menor valor de investimento, por tonelada de cana moída, de uma instalação com moendas de cana, comparativamente a um difusor.
    No mundo cada vez mais competitivo, com destaque para as comodities, as questões de flexibilidade, custo e qualidade são cada vez mais relevantes e, nesse sentido, fazem-se necessárias algumas considerações, com destaque para:
    A moenda permite a separação do caldo primário, que corresponde à cerca de 70% do açúcar da cana, com alta qualidade e alto teor de açúcar, com cerca de 19 grau brix e alta pureza, permitindo a produção de açúcar com cor abaixo de 100 UI. Destinar o caldo secundário, que contém 30 % do açúcar da cana, como diluente do mel final, não agregando água ao processo e aumentando a eficiência energética da usina;  
    Os custo de produção de açúcar com moendas de cana-de-açúcar são da ordem de 5% menores do que em difusores, o que, em termos de uma usina que moe 2.000.000 toneladas, equilibrada com 75% de produção para açúcar, pode significar uma redução de custos, por safra, de 4,5 milhões;
    O caldo da moenda arrasta menos impurezas, influenciando positivamente a cor do açúcar e, conseqüentemente, gerando menos impureza no bagaço e na caldeira, contribuindo para menor desgaste das caldeiras e
    A menor viscosidade das massas de açúcar provenientes das moendas facilita a operação dos flotadores de xarope, cozedores de açúcar e aumenta a capacidade das centrífugas de massa contínuas.
    Na questão energética, a avaliação é ainda mais interessante, pois a análise limitada de consumo de potência da moenda, versus o consumo de potência difusor, pode levar a uma decisão equivocada. Considerando todos os fatores de consumo de energia de uma usina, o saldo energético global para uma planta com moenda de cana é maior do que para mesma planta com difusor, significando maior retorno do capital investido com a venda da energia disponível. O processo de tomada de decisão de investimentos certamente deve considerar todos os aspectos aqui abordados e mais alguns, como: custo de capital, disponibilidade de matéria-prima, etc, porém, para o foco deste artigo, deveria merecer destaque os seguintes:
     A flexibilidade de implantação e seu ajuste com a área agrícola, além da capacidade de expansão futura, com reduzido valor de investimento;
    A capacidade de produzir açúcar de maior valor agregado – cor baixa, mínimo menor que 150 UI;
    A produção com menor custo operacional;
    O menor nível de investimento inicial por tonelada de cana processada. 
    A melhor eficiência energética global e operação da planta com alto desempenho global. 





    Redução das queimadas faz Ribeirão Preto ser bom exemplo

    Ribeirão Preto saiu do nível saturado de poluição, acima de 160 microgramas por metro cúbico de 2009, para abaixo de 144 em 2010.

    Ribeirão Preto saiu do nível saturado de poluição, acima de 160 microgramas por metro cúbico de 2009, para abaixo de 144 em 2010. O gerente regional da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Marco Antonio Artuzo, aponta a condição meteorológica mais favorável à dispersão de poluentes e o fim, ou pelo menos a redução, de queimadas de cana-de-açúcar na área urbana.

    "Não são aspectos matematicamente comprovados, mas podem ter ajudado", diz Artuzo. Ele detalha que o ozônio se forma pela reação de óxidos de nitrogênio com gases voláteis, acelerados pela luz solar. Diante disso, o fim das queimadas pode ser um dos fatores de redução de óxidos de nitrogênio.

    Usinas e inspeção veicular. O gerente enfatiza que a própria Cetesb tem obrigado as usinas sucroalcooleiras a instalar equipamentos de alta eficiência nas caldeiras que processam os bagaços de cana. "Isso tem se acentuado desde 2004."

    Artuzo também cita que a Cetesb tem fiscalizado as emissões de gases veiculares nos perímetros urbanos e ressalta que várias prefeituras (Ribeirão Preto, Sertãozinho, Altinópolis e Santa Rosa de Viterbo, entre outras) também estão contribuindo para a melhoria da qualidade do ar, com o controle das próprias frotas de veículos e recuperação de áreas de preservação permanente e reflorestamentos. "Isso tudo vai criando uma condição de melhoria da qualidade do ar na região", afirma Artuzo.
    A Cetesb tem uma estação medidora de qualidade do ar instalada no bairro Ipiranga, em Ribeirão Preto, com raio de alcance de 30 quilômetros. A estação funciona de forma intercalada desde 2004 e de forma efetiva e ininterrupta desde 2009, com equipamentos mais sofisticados. A medição é de hora em hora e acessível pela internet. 

    Fim das queimadas da palha da cana entre 2012 a 2014

    O projeto de lei que prevê o fim da queima da palha no Estado, foi aprovado, por unanimidade, pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento da Assembleia Legislativa. Pela legislação atual, a queima da palha continuaria no Estado até 2031, porém, com a proposta, fica antecipada a eliminação desta prática entre os anos de 2012 e 2014, para as áreas mecanizáveis e não-mecanizáveis, respectivamente. O projeto do fim da queima da palha da cana-de-açúcar já havia recebido parecer favorável nas Comissões de Constituição, Justiça e Redação, e de Defesa do Meio Ambiente, sendo que agora, após parecer da Comissão de Finanças, está pronto para ser votado em plenário.


    Fonte: http://www.jornaldebarretos.com.br/novo/2011/06/33794

    terça-feira, 26 de abril de 2011

    Álcool: Uma das preocupações do Setor Sucroalcooleiro


    As perspectivas para a próxima safra de cana-de-açúcar nos mercados interno e externo, preços e situação da comercialização do álcool no país foram os principais assuntos discutidos em reunião da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). De acordo com o presidente da Comissão, Edison Ustulin, o Brasil vai moer na atual safra de cana 280 milhões de toneladas, das quais mais da metade, 55%, será transformada em 11 bilhões de litros de álcool, e 45% referem-se a 28 milhões de toneladas de açúcar.


    A situação do mercado de álcool é uma das grandes preocupações do setor. Para o presidente da União da Agroindústria Canavieira (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho, o álcool hidratado vem perdendo uma fatia significativa do mercado nos últimos anos. O setor sucroalcooleiro, explicou, está deixando de produzir anualmente 500 milhões de litros do produto, em conseqüência do sucateamento da frota de carros movidos à álcool e da redução na produção de veículos que utilizam esse combustível. Nos cálculos do setor, a frota de carros à álcool, atualmente em 3,5 milhões, perde por ano entre 300 e 350 mil veículos.
    Na reunião, foi discutida também a definição de uma matriz energética nacional, que aproveite a energia proveniente da queima do bagaço da cana, considerada uma energia limpa. De acordo com Edison Ustulin, atualmente cerca de 40 usinas geram excedente de energia e comercializam entre 300 e 400 megawatts por dia com as empresas distribuidoras. Com investimentos no setor, as 340 unidades industriais de cana e álcool poderiam fornecer entre 2,5 mil e 3 mil megawatts, o suficiente para abastecer uma cidade de três milhões de habitantes.




    Plantação de Cana-de-açúcar resfria a clima


    Boa notícia para o etanol. Uma pesquisa feita por cientistas do Departamento de Ecologia Global da Carnegie Institution, nos Estados Unidos, concluiu que a cana-de-açúcar ajuda a esfriar o clima.
    O estudo, publicado no domingo dia 17 de abril, na segunda edição da revista Nature Climate Change, nova publicação do grupo editorial britânico, aponta que o esfriamento do clima local se deve à queda da temperatura no ar em torno das plantas à medida que essas liberam água e à reflexão da luz solar de volta ao espaço.
    O trabalho, liderado por Scott Loarie, procurou quantificar os efeitos diretos no clima da expansão da cana-de-açúcar em áreas de outras culturas ou de pecuária no Cerrado brasileiro.
    Foram utilizadas centenas de imagens feitas por satélites que cobriram uma área de quase 2 milhões de metros quadrados. Os cientistas mediram temperatura, refletividade e evapotranspiração, a perda de água do solo por evaporação e a perda de água da planta por transpiração.
    “Verificamos que a mudança da vegetação natural para plantações e pastos resulta no aquecimento local porque as novas culturas liberam menos água. Mas a cana-de-açúcar é mais refletiva e também libera mais água, de forma parecida com a da vegetação natural”, disse Loarie.
    “Trata-se de um benefício duplo para o clima: usar cana-de-açúcar para mover veículos reduz as emissões de carbono, enquanto o cultivo da planta faz cair a temperatura local”, destacou.
    Os cientistas calcularam que a conversão da vegetação natural do Cerrado para a implantação de culturas agrícolas ou de pecuária resultou em aquecimento médio de 1,55º C. A troca subsequente para a cana-de-açúcar levou a uma queda na temperatura do ar local de 0,93º C.
    Os autores do estudo enfatizam que os efeitos benéficos são relacionados ao plantio de cana em áreas anteriormente ocupadas por outras culturas agrícolas ou por pastos, e não em áreas convertidas da vegetação natural.

    domingo, 17 de abril de 2011

    Etanol Brasileiro


    O Brasil é o país mais avançado, do ponto de vista tecnológico, na produção e no uso do etanol como combustível, seguido pelos EUA e, em menor escala, pela Argentina, Quênia, Malawi e outros. A produção mundial de álcool aproxima-se dos 40 bilhões de litros, dos quais presume-se que até 25 bilhões de litros sejam utilizados para fins energéticos. O Brasil responde por 15 bilhões de litros deste total. O álcool é utilizado em mistura com gasolina no Brasil, EUA, UE, México, Índia, Argentina, Colômbia e, mais recentemente, no Japão. O uso exclusivo de álcool como combustível está concentrado no Brasil.
    O álcool pode ser obtido de diversas formas de biomassa, sendo a cana-­de-açúcar a realidade econômica atual. Investimentos portentosos estão sendo efetuados para viabilizar a produção de álcool a partir de celulose, sendo estimado que, em 2020, cerca de 30 bilhões de litros de álcool poderiam ser obtidos desta fonte, apenas nos EUA. O benefício ambiental associado ao uso de álcool é enorme, pois cerca de 2,3 t de CO2 deixam de ser emitidas para cada tonelada de álcool combustível utilizado, sem considerar outras emissões, como o SO2.
    A cana-de-açúcar é a segunda maior fonte de energia renovável do Brasil com 12,6% de participação na matriz energética atual, considerando-se o álcool combustível e a co-geração de eletricidade, a partir do bagaço. Dos 6 milhões de hectares, cerca de 85% da cana-de-açúcar produzida no Brasil está na Região Centro-Sul (concentrada em São Paulo, com 60% da produção) e os 15% restantes na região Norte-Nordeste.
    Na safra 2004, das cerca de 380 milhões de toneladas moídas, aproximadamente 48% foram destinadas à produção de álcool. O bagaço remanescente da moagem é queimado nas caldeiras das usinas, tornando-as auto-suficientes em energia e, em muitos casos, superavitárias em energia elétrica que pode ser comercializada. No total foram produzidos 15,2 bilhões de litros de álcool e uma geração de energia elétrica superior a 4 GWh durante a safra, o que representa aproximadamente 3% da nossa geração anual.
    Apesar de todo o potencial para a co-geração, a partir do aumento da eficiência energética das usinas, a produção de energia elétrica é apenas uma das alternativas para o uso do bagaço. Também estão em curso pesquisas para transformá-lo em álcool (hidrólise lignocelulósica), em biodiesel, ou mesmo, para o seu melhor aproveitamento pela indústria moveleira e para a fabricação de ração animal.

    segunda-feira, 11 de abril de 2011

    Cana-de-Açúcar



    A cana-de-açúcar é uma planta que pertence ao gênero Saccharum L.. Há pelo menos seis espécies do gênero, sendo a cana-de-açúcar cultivada um híbrido multiespecífico, recebendo a designação Saccharum spp. As espécies de cana-de-açúcar são provenientes do Sudeste Asiático. A planta é a principal matéria-prima para a fabricação do açúcar e etanol.

    É uma planta da família Poaceae, representada pelo milhosorgoarroz e muitas outras gramas. As principais características dessa família são a forma da inflorescência (espiga), o crescimento do caule em colmos, e as folhas com lâminas de sílica em suas bordas e bainha aberta.
    É uma das culturas agrícolas mais importantes do mundo tropical, gerando centenas de milhares de empregos diretos. É fonte de renda e desenvolvimento, embora nitidamente concentradora de renda. Na região de Ribeirão Preto, a principal zona produtora do Brasil, 98.228 pessoas tinha renda inferior a R$ 100 mensais até 2007.
    A principal característica da indústria canavieira é a expansão por meio do latifúndio, resultado da alta concentração de terras nas mãos de poucos proprietários, mormente conseguida através da incorporação de pequenas propriedades, gerando por sua vez êxodo rural.
    Geralmente, as plantações ocupam vastas áreas contíguas, isolando e/ou suprimindo as poucas reservas de matas restantes, estando muitas vezes ligadas ao desmatamento de nascentes ou sobre áreas de mananciais. Os problemas com as queimadas, praticadas anteriormente ao corte para a retirada das folhas secas, são uma constante nas reclamações de problemas respiratórios nas cidades circundadas por essa monocultura. Ademais, o retorno social da agroindústria como um todo, é mais pernicioso que benéfico para a maioria da população.
    O setor sucroalcooleiro brasileiro despertou o interesse de diversos países, principalmente pelo baixo custo de produção de açúcar e etanol. Este último tem sido cada vez mais importado por nações de primeiro mundo, que visam reduzir a emissão de poluentes na atmosfera e a dependência de combustíveis fósseis. Todavia, o baixo custo é conseguido, por vezes, pelo emprego de mão-de-obra assalariada de baixíssima remuneração e em alguns casos há até seu uso com características de escravidão por dívida.
    No Brasil, a agroindústria da cana-de-açúcar tem adotado políticas de preservação ambiental que são exemplos mundiais na agricultura, embora nessas políticas não estejam contemplados os problemas decorrentes da expansão acelerada sobre vastas regiões e o prejuízo decorrente da substituição da agricultura variada de pequenas propriedades pela monocultura. Já existem diversas usinas brasileiras que comercializam crédito de carbono, dada a eficiência ambiental.
    As queimadas também têm diminuído devido ao aumento de denúncias e endurecimento da fiscalização, embora muitas dessas denúncias terminem sem uma penalização formal. Em cidades como Ribeirão Preto, Araraquara, Barretos, Franca, Jaboti e Ituverava, as multas e advertências a usinas e produtores que queimam seus canaviais cresceram 27% em 2009 em relação a 2008, segundo levantamento da CETESB.
    Para renovação do cultivo, algumas indústrias canavieiras fazem, a cada quatro ou cinco anos, plantios de leguminosas (soja) que recuperam o solo pela fixação de nitrogênio. Quanto aos problemas advindos da queima controlada na época do corte, existe já um movimento em direção à mecanização da colheita que aumenta de ano para ano, além de rigorosos protocolos que preveem o fim da queima até o ano de 2014.